AMADOS ALUNOS E SEGUIDORES DO BLOG: ainda não montei minha
apostila com as minhas palavras a respeito dos temas, mas logo! Para mim, a
metafísica são aquelas questões que estão ligadas diretamente à alma, é algo da
natureza humana, pois questiona a realidade e conhecimento. Em suma, são as
questões da alma (os porquês).
Segue o tutorial... beijos!!!
“A palavra metafísica possui origem
grega e significa: meta: depois de, além
de e física/physis: natureza ou físico, e trata-se de um ramo da filosofia
que se ocupa em estudar a essência do mundo. Pode ser definida como o
estudo do ser ou da realidade, e se destina a buscar respostas para perguntas
complexas como: O que é realidade? O que
é a vida? O que é natural? O que é sobrenatural? O que nos faz
essencialmente humanos?
William James conceituou metafísico como sendo
“apenas um esforço extraordinariamente obstinado para pensar com clareza”.
Trata-se de uma visão simplista e equivocada de pessoas que só conseguem
perceber a vida por meio de dimensões práticas. Os homens em geral sentem-se
mais à vontade quando pensam sobre como fazer uma coisa ou outra, do que pensar
no motivo pelo qual estão fazendo. É por isso que a política, a engenharia e a
indústria são consideradas mais naturais pelos homens do que a filosofia, por
exemplos. A metafísica não está interessada, de maneira nenhuma, por esse “como”
da vida humana, mas sim pelos “porquês”, por aquelas questões que uma pessoa
pode passar a vida inteira para formular, sem muitas vezes encontrar uma
resposta satisfatória.
Para se formular um pensamento metafísico é preciso
pensar, sem estar baseado em dogmas ou de forma superficial, nos básicos e
intrigantes problemas da existência dos homens. São problemas básicos por serem
fundamentais para a vida humana e porque muitos aspectos da vida dependem
deles. Tomemos como exemplo a religião, ela não é metafísica, porém quando nos
questionamos sobre o motivo das crenças e das práticas religiosas e sua
influencia no viver diário, passamos a pensar metafisicamente.
Sob o título de “a Metafísica” Aristóteles escreveu
uma de suas principais obras e o primeiro grande trabalho
com relação ao que vem a ser metafísica. “O objeto de estudo dessa obra não é
ser algum, mas o estudo do ser enquanto ser.”
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Filosofia
A metafísica (do grego antigo μετα [metà] = depois de, além de; e Φυσις [physis] = natureza ou física) é uma das disciplinas fundamentais da filosofia. Os sistemas metafísicos, em sua forma clássica, tratam de problemas centrais da filosofia teórica: são tentativas de descrever os fundamentos, as condições, as leis, a estrutura básica, as causas ou princípios primeiros, bem como o sentido e a finalidade da realidade como um todo ou dos seres em geral. |
Concretamente, isso significa que a metafísica clássica ocupa-se das
"questões últimas" da filosofia, tais como: há um sentido último para
a existência do mundo? A organização do mundo é necessariamente essa com que
deparamos, ou seriam possíveis outros mundos? Existe um Deus? Se existe, como
podemos conhecê-lo? Existe algo como um "espírito"? Há uma diferença
fundamental entre mente e matéria? Os seres humanos são dotados de
almas imortais? São dotados de livre-arbítrio? Tudo está em permanente mudança, ou há coisas
e relações que, a despeito de todas as mudanças aparentes, permanecem sempre
idênticas?
Em sua concepção clássica, os objetos da metafísica não são coisas
acessíveis à investigação empírica; ao contrário, são realidades
transcendentes que só podem ser descobertas pelas luzes da razão. Essa
pretensão de estabelecer teses gerais que não se curvam à orientação da
experiência foi repetidas vezes criticada - as críticas sistemáticas aos
projetos metafísicos tradicionais tornaram-se parte importante de várias
correntes e escolas filosóficas, especialmente nos séculos XIX e XX.
Origem da palavra "metafísica"
"Metafísica" é o título de uma obra de Aristóteles composta por quatorze livros sobre filosofia
geral. Uma hipótese bastante difundida atribui ao peripatético Andrônico de Rodes (século I a.C.) a iniciativa de chamar esse conjunto de
escritos de "Metafísica". Ao realizar a primeira compilação e
sistematização dos escritos de Aristóteles, Andrônico o elencou depois dos oito
livros que tratavam da Física, e os chamou de tà
metà tà physiká, ou seja, "os que estão depois da física". Desse
modo, o título faria referência, sobretudo, à posição daqueles quatorze livros
na classificação das obras de Aristóteles realizada por Andrônico.
O trabalho classificatório, no entanto, parece ter atendido a critérios
temáticos. Os livros que compõem a Metafísica de Aristóteles tratam de
questões mais gerais e mais abstratas que os da física, e de seres que
transcendem o mundo empírico. Em vez de empregar o termo
"metafísica", Aristóteles usava geralmente a expressão
"filosofia primeira" ou "teologia" (por contraste com
"filosofia segunda" ou "física") para fazer referência a
esses assuntos. No entanto, a palavra "metafísica" acabou por se
impor como denominação da ciência que, em conformidade com a filosofia primeira
de Aristóteles, ocupa-se das características mais gerais do seres ou das
realidades que estão além das realidades físicas[1].
História da metafísica
No tratado de Aristóteles sobre metafísica, percebe-se certa ambiguidade
quanto à delimitação do objeto da disciplina. Em certos trechos, ele afirma que
o propósito da disciplina é investigar as causas primeiras de todas as coisas,
em especial, Deus como primeiro motor do universo. Nesse aspecto, a filosofia
primeira ou metafísica seria uma das disciplinas compartimentalizadas – como a biologia, a psicologia e a física – com um campo de investigação próprio e objetos
específicos. No entanto, em outros momentos, Aristóteles diz que a metafísica é
a ciência do "ser enquanto ser", em outras palavras, seria a ciência
que investiga a realidade em seus traços mais abrangentes e universais. Nessa
concepção, a disciplina deixa de ser uma disciplina compartimentalizada, e
passa a ser considerada como uma forma de investigação extremamente geral, cujo
principal intuito é investigar os objetos em sua condição simples e fundamental
de entidade. Segundo Aristóteles, uma das principais funções da
filosofia primeira seria a de identificar as categorias a que as coisas
pertencem e estabelecer as relações entre essas categorias. Por categorias, ele
se referia a conceitos generalíssimos, tais como os de substância, unidade,
identidade etc. Acima das categorias, não seria mais possível
classificar uma entidade.[2]
Essa dupla compreensão do que seria o objetivo da metafísica manteve-se
durante a Idade Média. Os filósofos e teólogos
medievais também consideravam como "metafísicas" tanto as investigações
sobre a natureza de Deus e de suas relações com o mundo, como as pesquisas
sobre as características mais abrangentes da realidade.
Uma alteração significativa ocorreu na Idade Moderna por obra dos filósofos racionalistas. Temas que para a tradição aristotélica seriam
próprios de outros campos de pesquisa, foram reunidos pelos racionalistas sob o
termo "metafísica": entre as novas frentes de investigação metafísica
estariam a discussão sobre as relações entre a mente e o corpo e sobre as
origens e fundamentos da realidade física. No quadro geral esboçado pelos
racionalistas, a investigação do ser enquanto ser constituiria a chamada metafísica
geral (é por essa época que se cunhou o termo "ontologia" para se
referir à ciência do ser em seus aspectos mais gerais e abstratos).[3]. Mas, além dessa abordagem generalíssima das
características dos entes, os racionalistas inauguraram subdivisões na
disciplina conforme os seus novos interesses e problemas. Desse modo, no âmbito
da chamada metafísica especial teríamos as seguintes subdivisões: a teologia
racional, que trata do Ser divino e de suas relações com os demais seres; a
cosmologia racional, que trata dos princípios fundamentais da
constituição do cosmos (a natureza da matéria, do vácuo, etc.); e a psicologia
racional, que trata da substância espiritual e de suas relações com a
matéria.
A filosofia racionalista não somente trouxe novos problemas à
metafísica, mas também inaugurou um estilo ousado de especulação filosófica. Na
elaboração de seus sistemas metafísicos, os racionalistas trabalhavam com o
pressuposto de que a razão desassistida, sem qualquer auxílio da experiência,
poderia desvelar verdades fundamentais sobre a realidade. Esse pressuposto foi
questionado pelos empiristas. Para filósofos como John Locke e David Hume a origem de nossos conceitos
está na experiência sensorial. Qualquer teoria ou
hipótese sobre o mundo ou sobre a mente deve estar amparada em dados empíricos.
Como muitos dos conceitos e noções dos racionalistas eram elaborações sem
qualquer vínculo evidente com a experiência, esses conceitos e noções não
poderiam constituir nenhum conhecimento cientificamente válido.[4]
Uma segunda espécie de crítica à especulação metafísica foi elaborada
por Immanuel Kant. Na visão de Kant, o conhecimento é resultado da
interação entre conceitos inatos e dados sensoriais brutos.[4] Os objetos do conhecimento – as coisas de nossa
experiência cotidiana – são resultado de uma elaboração prévia: os sentidos fornecem os dados originais que, por sua vez, são
ordenados por aquelas estruturas inatas. Sendo assim, os objetos do
conhecimento não são coisas externas ao sujeito
ou independentes de suas faculdades cognitivas; ao contrário, são produtos da ação de
um aparato cognitivo inato sobre os dados subjetivos captados pelos sentidos. O
mundo em si mesmo (independente de nossas formas de percebê-lo
e concebê-lo) seria algo absolutamente inacessível.[5]
Kant concede aos empiristas que os dados sensoriais são imprescindíveis,
mas, em sua teoria, também é necessário que esses dados sejam sistematizados e
organizados por estruturas conceptuais inatas. Em síntese, qualquer
conhecimento requer forma e conteúdo. A forma é fornecida pelas estruturas
inatas e o conteúdo pelos dados sensoriais.[5]
Da perspectiva kantiana, as metafísicas tradicionais cometeram o erro de
tentar teorizar sobre coisas que estão além de qualquer experiência possível.
As questões sobre a existência de Deus, a imortalidade da alma ou o
livre-arbítrio não podem ser resolvidas pela razão humana, pois, em princípio,
os supostos objetos estão fora de alcance do conhecimento empírico. Ao falar
sobre Deus ou sobre o espírito os metafísicos tradicionais empregam conceitos
familiares – como substância, identidade, causalidade etc.; mas essas
estruturas só podem gerar conhecimento se forem aplicadas aos dados sensoriais.
Segundo Kant, a suposição de que essas estruturas conceptuais possam operar
satisfatoriamente quando destituídas de qualquer conteúdo sensorial é o erro
fundamental dos sistemas metafísicos.[5]
Kant estabeleceu uma separação entres as formas de tratar as questões
metafísicas. De um lado, estaria a "metafísica transcendente" e a sua
promessa, segundo Kant, irrealizável de revelar a natureza de coisas que estão
além de toda a experiência possível; de outro, a sua proposta, a
"metafísica crítica". A metafísica crítica é uma abordagem mais
comedida cuja pretensão é descrever as estruturas gerais do pensamento e do
conhecimento. Em vez de tentar abarcar coisas que não estão ao alcance da razão
humana, a metafísica crítica busca apresentar a forma como nós concebemos e
conhecemos.[5]
A versão kantiana para os problemas metafísicos inaugurou uma orientação
bastante influente.[5] Para muitos filósofos, a metafísica é uma
investigação sobre as nossas formas de representar o mundo.[6] Essa posição costuma ser chamada de idealista,[7] e contrapõe-se a uma postura realista em metafísica. A
orientação realista preserva a proposta original aristotélica de compreender a
metafísica como uma investigação sobre a natureza da realidade tal como ela é
em si mesma. A orientação idealista, por outro lado, considera esse
empreendimento impossível e prescreve o exame da estrutura conceptual que adotamos
para falar e pensar sobre o mundo. Há divergências sobre como caracterizar esse
esquema conceptual: Kant defendeu que esse esquema era imanente ao sujeito; mas
muitas versões do idealismo propõem que esses esquemas são recebidos pelo
aprendizado da língua nativa ou por herança cultural.[6] Essas formas de idealismo tendem a pressupor alguma
forma de relativismo filosófico: como não há como dizer o que é a
realidade em si mesma, o que tomamos como conhecimento, verdades ou certezas
está inevitavelmente condicionado pelos esquemas conceptuais implícitos em
nossa linguagem e nossas práticas e convenções sociais.
Problemas metafísicos
As discussões em metafísica são múltiplas e variadas, sendo
especialmente difícil identificar algo comum a todos os problemas em debate.
As categorias ontológicas
Uma das principais fontes da perplexidade gerada pela pergunta "o
que é o ser?" está na absoluta falta de direções óbvias que orientem uma
resposta. Uma alternativa é investigar a constituição material e as leis
fundamentais da natureza. Essa foi a trilha inaugurada pelos pré-socráticos e
hoje seguida pelas ciências naturais. Mas, se as ciências naturais já se
dedicam à investigação sobre como é constituída as coisas da natureza e quais
os princípios e leis governam os diversos fenômenos da realidade, o que
restaria à filosofia, em especial à metafísica, investigar? Uma das orientações
disponíveis foi proposta por Aristóteles: podemos dizer o que é o ser
caracterizando-o segundo os conceitos mais gerais e abstratos possíveis. Na
terminologia filosófica, esses conceitos mais abstratos e gerais são chamados
de "categorias". A maneira intuitiva de se entender o que é uma
categoria é tomá-la como um conceito tão abrangente e tão geral que se fôssemos
usar um conceito ainda mais geral para classificar o objeto em consideração só
restaria dizer que ele é uma coisa ou uma entidade. Tome-se o exemplo de
Sócrates. Podemos classificá-lo dizendo que ele é um ser humano. Mas ele também
pertence a classes ainda mais gerais. Sócrates também é um mamífero, um
vertebrado, um organismo vivo. Segundo a proposta da metafísica, podemos
avançar nessa classificação de Sócrates, passando por conceitos cada vez mais
gerais até chegar a uma tão geral que, se déssemos mais um passo, só restaria
classificá-lo como um ser (uma coisa, uma entidade). Na metafísica
aristotélica, por exemplo, Sócrates e os demais seres humanos pertencem à
categoria da substância. A tarefa da metafísica, portanto, seria a de
identificar essas categorias básicas e generalíssimas, bem como revelar as suas
inter-relações. O resultado dessa empreitada seria a revelação do próprio
arcabouço da realidade – quer consideremos que esse arcabouço seja a própria
estrutura do real, quer o entendamos como o esquema básico de nossos conceitos
sobre o mundo.
Mas não se deve pensar que o trabalho dos metafísicos resuma-se a um
procedimento monótono de fazer classificações cada vez mais gerais até chegar
aos conceitos mais abstratos possíveis. As categorias não são coisas dadas que
apenas aguardam passivamente que alguém as encontre. É certo que há, em maior
ou menor grau, certo consenso sobre que tipos de conceitos valem a pena ser
discutidos – justamente por representarem, aparentemente, elementos básicos ou
fundamentais de nossa concepção de realidade. É o caso de noções como mente,
corpo físico, objeto abstrato, valor, evento, processo, disposição,
necessidade, estado de coisas, propriedade e fato.[8] Na verdade, grande parte das discussões metafísicas
giram em torno de quais dessas noções devem ser consideradas categorias – ou,
em outras palavras, o que devemos tomar por mais fundamental e elementar na
estrutura da realidade. Diante de uma lista de noções básicas como a
apresentada duas tarefas se impõem: (1) determinar quais são as mais básicas;
(2) mostrar como as categorias se relacionam com outros conceitos básicos.
Tome-se, por exemplo, uma teoria metafísica que considere que os corpos físicos
são mais fundamentais que as mentes. Uma das tarefas dessa teoria será
conciliar os estados mentais com os corpos físicos, e responder questões como
"A mente humana é o mesmo que estados e processos físicos?",
"Como a mente emerge da matéria?", "O que há de errado com a
ideia de separação entre o físico e o mental?". Outro exemplo. Alguns
filósofos defenderam que as nossas percepções são ontologicamente mais
fundamentais que os objetos materiais. Essa é uma tese que vai de encontro ao
senso comum. Geralmente, tomamos os objetos físicos que nos cercam (pessoas,
mobílias, casas, animais) como coisas existentes e independentes de nossa
percepção. A tese metafísica de que as percepções são mais fundamentais terá,
então, de ser desenvolvida em explicações sobre como esses objetos materiais
são construídos e elaborados a partir de nossas percepções e sobre qual é o seu
status ontológico já que são construções oriundas do sujeito.
O problema dos universais
Uma das discussões metafísicas mais antigas diz respeito à existência de
universais. "Universal" designa uma categoria que inclui entidades de
múltipla realização – ou seja, ao contrário dos seres pertencentes à categoria
dos particulares, os universais se manifestam em vários indivíduos
distintos, em lugares e instantes distintos. A querela tem início numa
constatação pré-filosófica bem simples. Quando falamos sobre coisas
particulares – homens, animais, plantas e objetos inanimados tomados
individualmente – atribuímos a elas certas propriedades a fim de qualificá-las
e classificá-las. Falamos, por exemplo, que este tomate é vermelho, esta
blusa é vermelha ou aquele carro é vermelho. Nesse caso, podemos dizer
que o tomate, a blusa e o carro coincidem na apresentação de um mesmo atributo
– o de ser vermelho. O problema dos universais começa com a seguinte a
pergunta: o vermelho é uma única e mesma entidade multiplamente presente em
todas essas coisas? Em termos mais gerais: quando vários objetos apresentam um
mesmo atributo, deve-se postular a existência desse atributo como algo, de
alguma maneira, separada daqueles objetos? Platão achava que sim. Podemos ler
num de seus diálogos:
"... há certas ideias das quais as outras
coisas participam, e das quais essas coisas derivam seus nomes; as coisas
similares, por exemplo, tornam-se similares porque participam da similaridade;
e as coisas grandes tornam-se grandes, porque participam da grandeza; e as
coisas justas e belas tornam-se justas e belas porque participam da justiça e
da beleza[.]"
— Platão, Parmênides.[9]
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Segundo Platão, o fato de haver um conjunto de coisas nomeáveis e classificáveis
pelo mesmo termo deve ser explicado por um fato ainda mais fundamental, isto é,
deve ser explicado pela existência de um tipo de entidade que se manifesta
multiplamente e pela vigência de uma relação específica entre as coisas
particulares e essas entidades – a participação. Vários filósofos acataram a
ideia geral de Platão segundo a qual a manifestação de determinado atributo em
uma coisa particular está fundamentada numa relação específica entre essa coisa
e uma entidade de múltipla realização (tradicionalmente chamada de universal).
A relação pode ser expressa em terminologias distintas
("exemplificação", "manifestação", "exibição"),
mas a ideia fundamental é a mesma. Uma coisa particular é sólida, por exemplo,
porque essa coisa é uma exemplificação da solidez.
Os filósofos que aderem a essa posição quanto aos universais são
geralmente chamados de realistas; e a posição que advogam, de realismo.
Há dissensões entre os realistas quase tão antigas quanto a própria filosofia.
Platão e Aristóteles eram ambos realistas quanto a universais; ambos
acreditavam que os predicados que adotamos para qualificar as coisas
particulares referem-se a entidades reais – que, ao contrário dos indivíduos,
manifestam-se multiplamente. No entanto, Platão também acreditava que os
universais eram entidades de existência completamente independente das coisas
particulares – existiriam num domínio fora do espaço-tempo. (Na ontologia
platônica, os universais coincidem com a categoria dos objetos abstratos ou das
entidades cuja existência se dá fora de dimensões espaciotemporais.)
Aristóteles, por sua vez, insistiu na crítica a essa noção de absoluta
independência dos universais. Para ele, os universais só podem se manifestar
nas coisas concretas e particulares. Na terminologia da escolástica, ainda hoje
adotada, Platão acreditava que os universais existiam ante res
(previamente aos objetos particulares), enquanto Aristóteles acreditava na
existência dos universais in rebus (nos objetos particulares).[3]
A tese oposta ao realismo quanto aos universais é tradicionalmente
chamada de nominalismo. Para os filósofos nominalistas, a postulação de
universais representa uma proliferação desnecessária de entidades, pois, como
defendem, o discurso sobre atributos apenas aparentemente faz referência a
universais.
As estratégias nominalistas de desfazer a aparência enganosa que nos
induz a postular universais podem assumir diferentes orientações. Michael Loux
identifica ao menos quatro orientações básicas: o nominalismo austero, o
nominalismo metalinguístico, a teoria dos tropos e o ficcionalismo.
Segundo o nominalismo austero as referências a universais, embutidas em
nosso discurso sobre a coincidência de atributos, são apenas aparentes. Quando
convenientemente tratadas as proposições que expressam concordância em atributo
remeteriam apenas a particulares. Em síntese, as referências à coragem, à
sabedoria ou à justiça seriam formas mascaradas de se falar de indivíduos
carajosos, indivíduos sábios ou indivíduos justos.
Necessidade e contingência
A classe das proposições verdadeiras apresenta uma importante divisão.
Há uma subclasse de proposições que poderiam ser falsas, e há uma subclasse de
proposições que não podem, de forma alguma, ser falsas. A proposição
"Brasília é a capital do Brasil" pertence à primeira subclasse;
"2+2=4" é um exemplo da segunda.[3]
Uma separação correspondente pode ser feita na classe das proposições
falsas. Há uma subclasse de proposições falsas que poderiam ser verdadeira e
outra cujas proposições jamais poderiam ser verdadeiras.[3]
Para os filósofos medievais, o fato de haver essas subclasses tanto no
conjunto das proposições verdadeiras como no das proposições falsas revelava
dois modos da verdade proposicional: o modo da contingência e o modo da
necessidade. Daí o uso do termo "modalidade" para falar de
proposições necessariamente verdadeiras, possivelmente falsas etc.[3]
A modalidade de uma proposição é chamada de modalidade de dicto,
e envolve a ideia de que a necessidade ou a possibilidade expressa na
proposição é um atributo da proposição, não das coisas em si mesmas. O caso
paradigmático é o das chamadas proposições analíticas – proposições que são
verdadeiras exclusivamente em virtude dos significados de seus termos. A
afirmação "Todo o solteiro e não casado" é necessariamente
verdadeira, mas essa necessidade é resultante de convenções linguísticas – por
definição, solteiros são aqueles que ainda não se casaram.
A modalidade de dicto é assunto, sobretudo, da lógica e da filosofia da linguagem. Na
metafísica a preocupação predominante está voltada para a chamada modalidade de
re – da modalidade das coisas em si mesmas. Na metafísica clássica, por
exemplo, as discussões sobre Deus não estão ocupadas em saber se certas
proposições envolvendo o conceito de Deus são analiticamente verdadeiras (como
seria o caso, talvez, de "Deus é onisciente"), mas em demonstrar a
existência de um ser necessário – um ser, em outras palavras, que não poderia
não ter existido nem poderia deixar de existir.
A análise de modalidades de re aplica-se igualmente a objetos
comuns. Intuitivamente consideramos que um ser humano particular é uma coisa de
existência contingente. Se, por exemplo, os pais de uma pessoa concreta não
tivessem se conhecido, certamente ela não teria existido. Essa pessoa é um ser
contingente. Ora, se é plausível falar de coisas contingentes, também parece
plausível falar de seres necessários – uma vez que o conceito de seres
necessários é complementar ao de seres contingentes, e, presumivelmente, é um pressuposto
desse último. Um ente necessário seria aquele do qual é necessariamente falso
afirmar a sua inexistência.
Uma abordagem análoga pode ser dada às propriedades. Um determinado
indivíduo, por exemplo, apresenta concretamente a propriedade de falar inglês.
Intuitivamente consideramos que, embora factualmente esse indivíduo fale inglês
fluentemente, essa é uma propriedade que ele poderia não ter adquirido. Nesse
caso, a propriedade de falar inglês é uma propriedade possuída contingentemente
ou acidentalmente pelo indivíduo em questão. Assim como no caso das coisas,
apresentado acima, se faz sentido falar sobre "ter uma propriedade
contingentemente (ou acidentalmente)", também faz sentido falar de
"ter uma propriedade necessariamente (ou essencialmente)". A
atribuição de uma propriedade essencial varia conforme a orientação filosófica.
Numa visão fisicista, por exemplo, um ser humano
particular é essencialmente um objeto físico. Por outro lado, numa visão dualista, esse mesmo ser humano concreto é essencialmente um
objeto não-físico. No entanto, apesar dessas variações conforme a orientação
filosófica, permanece a intuição fundamental de que há propriedades essenciais
e, independentemente das abordagens filosóficas, todas elas concordarão com a
afirmação de que qualquer ser humano particular terá essencialmente a
propriedade de “não ser uma omelete”.
Um dos principais críticos à adoção de conceitos modais no discurso
filosófico foi W. V. O. Quine. Sua
discussão da modalidade assumia duas teses: por um lado, a modalidade de
dicto só pode ser entendida em termos de analiticidade (que, segundo Quine, era uma noção tão
problemática quanto a de modalidade); por outro lado, a modalidade de re
não pode sequer ser entendida em termos de analiticidade – o que a torna uma
noção absolutamente ininteligível.
No entanto, predomina hoje a convicção de que as críticas de Quine foram
convenientemente superadas pelos trabalhos, entre outros, de Saul Kripke e Alvin Plantinga. Ambos fazem uso do conceito de mundos possíveis, a fim de elaborar um discurso metafísico
coerente sobre a modalidade. A noção de mundos possíveis, elaborada pela
primeira vez por Leibniz, ainda no século
XVII, permite construir definições para qualquer conceito modal. Com o auxílio
desse conceito, podemos caracterizar, por exemplo, uma proposição
necessariamente verdadeira como uma proposição que é verdadeira em todos os
mundos possíveis; um indivíduo contingente como um indivíduo que não exista em
pelo menos um mundo possível. Da mesma forma, podemos dizer que um indivíduo é
essencialmente um ser humano se ele tem a propriedade de ser da espécie humana
em todos os mundos possíveis em que exista.[3]
Nessa abordagem, portanto, as noções modais apresentam uma conexão
estreita com o conceito de mundos possíveis. Uma questão metafisicamente
crucial é caracterizar essa conexão. Na metafísica contemporânea, as
interpretações desse vínculo entre noções modais e mundos possíveis
agruparam-se em duas tendências radicalmente opostas. Numa dessas tendências,
cujo expoente é o filósofo David Lewis, o esclarecimento das noções
modais é integrado a um projeto deliberadamente nominalista. As noções modais
são reduzidas a conceitos não-modais. Também são reduzidas outras noções consideradas
problemáticas, como as de proposição e propriedade. Uma propriedade, por
exemplo, é caracterizada em termos de objetos particulares, conjuntos e mundos
possíveis. No entanto, embora essas reduções de caráter nominalista sejam
convenientemente realizadas, o custo dessa proposta é o de admitir que os
mundos possíveis são tão reais quanto o nosso mundo atual.
A outra tendência é liderada por Plantinga. Na proposta de Plantinga as
noções de mundos possíveis, proposição, estado de coisas, necessidade e
possibilidade (entre outras) formam uma rede de conceitos interligados. Não há
como reduzir essas noções a um conjunto de termos não-modais. A melhor
estratégia a nossa disposição é esclarecer as inter-relações entre tais
conceitos de modo a obter maior clareza sobre eles. Segundo Plantinga,
portanto, a compreensão dos mundos possíveis exige as noções modais, e a
compreensão do que sejam as noções modais exige, por sua vez, o conceito de
mundos possíveis. Mas isso não quer dizer que estejamos incorrendo num círculo
vicioso. À medida que esclarecemos um conceito modal em termos de mundos
possíveis ou que explicitamos as relações entre proposições e mundos possíveis,
aumentamos a inteligibilidade desses conceitos.
A existência de Deus
Os argumentos sobre a existência de Deus fazem parte, hoje, de um ramo
especializado da filosofia chamado filosofia da religião.
Além de tratar de tais argumentos, a filosofia da religião também investiga
questões conceptuais, epistemológicas e morais suscitadas pelas doutrinas
religiosas. No entanto, dado o papel preponderante que as indagações sobre a
existência de Deus desempenharam na história da metafísica, convém esboçar alguns
problemas associados a essas indagações.
Argumentos ontológicos
"Argumento ontológico" é a designação dada a qualquer
argumento a priori que infira a existência de Deus exclusivamente a
partir de uma análise conceitual. O idealizador dessa espécie de argumento foi Anselmo de Cantuária. O
argumento pode ser apresentado da seguinte maneira: consideremos que Deus seja
a mais real de todas as coisas; se Deus detém o máximo de realidade,
prossegue o argumento, então Ele deve existir, já que entidades que existem
realmente são mais reais do que coisas que existem apenas conceitualmente. Um
argumento similar poderia ser derivado de uma definição que dissesse que Deus é
o mais perfeito de todos os seres. Ora, se Deus não existisse, qualquer
outra entidade que possuísse o atributo da existência seria mais perfeita que
Ele; mas isso contradiz a definição; logo, Deus existe.
FONTE: pt.wikipedia.org/wiki/Metafísica
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